A doutora Rosemarie Rossetti fala-nos sobre o design universal, uma metodologia apaixonante que, quando aplicada aos alojamentos para férias, permite que todos os hóspedes tirem o máximo partido das propriedades, independentemente da sua idade, estatura, capacidade ou deficiência.
Mitos sobre o design universal
Rosemarie Rossetti é uma especialista na área do alojamento de design universal que tem participado em várias palestras nos EUA sobre este tema. O design universal refere-se ao design de produtos ou ambientes para serem acessíveis ou utilizáveis por pessoas com diferentes capacidades. Ao longo dos anos, Rosemarie Rossetti deparou-se com vários mitos que surgiram a este respeito e que colocam entraves desnecessários à sua implementação.
Este artigo visa desmistificar essas ideias e explicar como o design universal pode contribuir para o crescimento do seu negócio de arrendamento de férias, permitindo-lhe atrair os mais variados tipos de viajantes.
Informações sobre Rosemarie Rossetti
Rosemarie Rossetti construiu o Universal Design Living Laboratory, um protótipo nacional de casa e jardim ecológicos que segue os princípios do design universal, em Columbus, Ohio. É bastante conhecida nos EUA pelo seu trabalho como oradora, formadora, autora e consultora. Para saber mais sobre o Universal Design Living Laboratory, aceda a www.UDLL.com.
Contacto: Rosemarie@UDLL.com
Website: www.RosemarieSpeaks.com
Mito 1: o design universal é apenas outro nome dado à acessibilidade de pessoas com deficiência.
Realidade: a acessibilidade está relacionada com o cumprimento de regulamentos e regras de construção. O design universal visa a criação de ambientes que ofereçam às pessoas flexibilidade e várias formas de usufruir destes espaços. A acessibilidade é frequentemente um ponto de partida para o design universal, que pretende ir além das questões de acesso para que todos se sintam incluídos.
Mito 2: as casas de design universal são pouco elegantes e institucionais. Além disso, reforçam o estereótipo de terem sido concebidas para pessoas com deficiência.
Realidade: a beleza de uma casa de design universal depende das competências e da experiência de quem a concebe. As características e os produtos de design universal realçam a beleza de uma casa bem projetada, ao mesmo tempo que garantem a sua funcionalidade para pessoas com deficiência, bem como a sua conveniência para pessoas sem deficiência. O design universal é para todos, não apenas para pessoas portadoras de deficiência. Existem inúmeros produtos de design universal disponíveis no mercado que fogem ao padrão institucional, como corrimões em vinil colorido, bronze, níquel acetinado ou latão polido. Grande parte do valor estético de uma casa provém dos acabamentos de elementos como as instalações sanitárias, os eletrodomésticos, as ferragens, os armários, os balcões, o tratamento das paredes ou o piso. Os designers experientes e competentes conseguem encontrar produtos de design universal com estes acabamentos elegantes.
Mito 3: o design universal é mais dispendioso devido à arquitetura do edifício e aos produtos com características de design universal, como janelas, eletrodomésticos e instalações sanitárias.
Realidade: a experiência que tive ao construir a minha própria casa, o Universal Design Living Laboratory (um protótipo nacional de casa com jardim em Columbus, Ohio), demonstrou que existem variadíssimas opções no que concerne à escolha de produtos para a casa. Os produtos com características de design universal não costumam ser mais caros. No entanto, os pioneiros na sua utilização acabaram por pagar o preço por se anteciparem à tendência atual de redução do custo dos aparelhos na sequência de uma maior aceitação das características de design universal. Na verdade, as casas que incluem características e produtos baseados no design universal têm mais valor para os seus habitantes, uma vez que poderão ser utilizadas por muito mais tempo.
Mito 4: o valor de revenda de uma casa será inferior porque existem poucos compradores interessados nas características de design universal.
Realidade: é exatamente o oposto. O design universal destina-se a um grande mercado, composto por pessoas de todas as idades e capacidades. Além disso, foi criado a pensar no ser humano. O design inclusivo de espaços e produtos beneficia pessoas de todas as idades, com ou sem limitações físicas ou mentais. Ninguém consegue prever quando terá eventualmente de lidar com uma deficiência de curto ou longo prazo na sua vida. É preferível conceber casas onde possamos envelhecer do que sermos forçados a abandonar o nosso lar se as circunstâncias mudarem. Nos EUA, o envelhecimento da população, especialmente da geração baby boomer, significa que as pessoas vão permanecer mais tempo nas suas casas. Muitas optam por renovar as suas propriedades, enquanto outras adicionam características que lhes serão úteis à medida que envelhecem. Algumas pessoas estão a adquirir casas mais pequenas do que as suas residências anteriores. Até as famílias com crianças pequenas consideram as casas de design universal mais convenientes. Todos procuram características que lhes ofereçam a segurança e a comodidade necessárias para criar os seus filhos ou envelhecer nas suas casas. As características de design universal proporcionam segurança e conferem valor a uma propriedade.
Mito 5: o design universal requer uma área maior.
Realidade: o planeamento do espaço é fundamental na conceção de uma casa, especialmente quando o proprietário utiliza uma cadeira de rodas. Eu mesma desloco-me em cadeira de rodas e sei exatamente onde é necessário criar espaço adicional e como planear um espaço de forma prudente quando se desenha uma planta. Ao elaborar uma planta aberta com menos corredores, é possível aproveitar toda a área. Com o espaço adequado na cozinha e nas casas de banho, haverá maior acessibilidade, conforto e comodidade. Uma casa de design universal não necessita de superfície adicional, mas sim do espaço adequado para uma pessoa se deslocar em cadeira de rodas. A polivalência de um espaço e a sobreposição das suas áreas livres permitem que divisões relativamente pequenas fiquem desobstruídas.
Mito 6: o construtor e os subempreiteiros estão habituados a trabalhar à sua maneira e não vão incluir as características de design universal que propus. É muito difícil mudar o seu processo de construção.
Realidade: alguns construtores estão a aprender a implementar princípios de design universal. Nos EUA, muitos estão inscritos no programa “Certified Aging-in-Place Specialist” da National Association of Home Builders com vista a obter uma certificação. Estes profissionais devem insistir junto dos seus subempreiteiros para que leiam os projetos e sigam os procedimentos de construção e remodelação de casas. Uma vez que os produtos são encomendados pelo construtor, as características de design universal já estão incluídas nos planos. À medida que são construídas mais casas com estas características, o design universal tornar-se-á na nova norma do setor da construção para oferecer melhores condições de vida aos seus habitantes.
Mito 7: uma casa que apresente características de design universal terá mais dificuldades em passar numa fiscalização da construção.
Realidade: de acordo como a natureza e a definição do design universal, não existem práticas que violem as normas de construção federais e estatais. Caso surja alguma dúvida na fase de análise do plano, pode consultar as disposições aplicáveis às especificidades locais.
Mito 8: as casas de design universal têm rampas na porta da frente, valendo-lhes o rótulo de residência de pessoas com deficiência.
Realidade: se uma casa já tiver sido construída e for necessário criar uma entrada sem degraus, por vezes, a única solução passa por adicionar uma rampa. Noutros casos, nivelar o terreno da propriedade pode ser a melhor solução. Todas as propriedades novas e a maioria das casas existentes podem incluir uma entrada sem degraus. Além disso, as rampas na garagem ou nas portas laterais ou traseiras geralmente não são visíveis da rua.
Mito 9: o design universal limita-se à construção de casas de um andar muito típicas nos Estados Unidos.
Realidade: viver num único andar é o objetivo do design universal. No entanto, também é possível construir casas com vários pisos que incluam equipamentos para aceder aos pisos superiores e inferiores, como elevadores, plataformas verticais e cadeiras elevatórias de escada.
Se o seu alojamento para férias tiver características de design universal, inclua-as na descrição da propriedade.
